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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

QUE COMISSÃO DA VERDADE É ESTA?


Transcrição revista de um e-mail enviado a um grande amigo meu em 15/10/2011, e que vem a propósito da aprovação no Senado da Lei da Comissão da Verdade, ontem, devendo seguir para ser sancionada pela Presidente Dilma nos próximos dias.

"Eu tenho acompanhado esse assunto, e é curioso atribuir a criação dessa comissão apenas a Lula e a Dilma, do momento que faz parte de um processo iniciado com o governo de Fernando Henruque Cardoso, como pode-se constatar nas palavras do Senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) relator na CCJ do projeto de lei de criação dessa comissão. 

Aloysio Nunes disse que trabalhará esta semana para entregar o quanto antes o seu parecer. Em princípio, ele disse que concorda com o "teor geral" do projeto aprovado pelos deputados no mês passado. "É um passo importante para que a sociedade brasileira tenha conhecimento e possibilidade de formular seu juízo a partir de informações sobre fatos que dizem respeito à violação dos direitos humanos e que ainda não foram revelados, apesar de um esforço de mais de dez anos, desde a criação da comissão de mortos e desaparecidos, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou o senador. ( do artigo publicado no Estadão em 15/10/2010 Aloysio: Araguaia será tema da Comissão da Verdade)


Tem mais, todo este longo processo fez parte de um acordo de FHC com o então presidente norte-americano Bill Clinton, do partido democrata, mas com a entrada de Bush, do partido republicano, a questão foi arquivada. Todavia, quando Barack Obama chegou à presidência dos EUA, sendo ele do partido democrático, a questão logo voltou à tona. E, em 2009, surgiu a proposta para a formação da “Comissão da Verdade” na Secretaria de Direitos Humanos do governo brasileiro, a qual veio a ser alinhavada definitivamente no encontro mantido em Nova York , entre Lula e Obama, por ocasião da reunião da ONU ao final de 2010. Ocasião em que Obama convidou o Brasil para ser co-presidente da nova organização internacional a ser fundada na próxima reunião da ONU, o OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP, cuja função seria promover a transparência de governança, o combate à corrupção e a abertura de documentos históricos governamentais mantidos em sigilo ao escrútinio público. Pois bem, no dia 20/09/2011, Obama e Dilma, junto com mais 40 governantes de outros países lançaram oficialmente essa organização e assinando os compromissos iniciais acordados entre eles. Na promoção dessa idéia de transparência governamental foi pontual a criação da Comissão de Verdade para que o Brasil pudesse exercer a co-presidencia da nova organização em parceria com os EUA. 

Gostaria de recordar uma questão histórica fundamental para compreender a razão desse envolvimento dos EUA numa questão interna do Brasil. Após o escândalo do Watergate, que deixou os EUA desacreditado, o novo presidente Jimmy Carter, do partido democrático, a partir de 1977 deu início a uma forte mudança política dos EUA em relação à América Latina e as ditaduras militares implantadas com o apoio do governo republicano anterior. Deu-se início à campanha de "abertura política" promovida pelo governo norte-americano, da mesma maneira que no passado fizera propaganda política para instalar as ditaduras anti-comunistas nestes países. Ora, a atual Comissão da Verdade faz parte do mesmo projeto iniciado por Jimmy Carter para instalar as democracias latino-americanas, ou seja, o levantamento histórico que se pretende visa principalmente isentar os EUA de responsabilidade com o que ocorreu no Brasil durante o período de "intervencionísmo norte-americano" nas questões internas do país, razão pela qual colocou-se que a investigação deveria abranger o período de 1946 a 1988.

Se eu pudesse eu daria o seguinte conselho aos envolvidos brasileiros de ambos os lados, direita e esquerda (já que ainda existe esta arcaica divisão!) nessa espinhosa questão da Comissão da Verdade, se querem fazer justiça verdadeiramente e lavar roupa suja do passado do nosso país publicamente:

– deveriam primeiro estudar a história contemporânea do nosso país e suas relações internacionais;
– deveriam pesquisar, investigar e ir fundo nos fatos que levaram o país à uma ditadura e a procedimentos de repressão;
– deveriam apresentar as verdadeiras causas e motivos  e não só pensar em condenar os agentes governamentais brasileiros, mas também expôr a dura realidade que o Brasil, assim como dos outros países da América Latina, que também foram vítimas do "intervencionísmo" norte-americano:
– deveriam reconhecer que nós brasileiros fomos vaquinhas de presépio dos interesses americanos, e 
– sim, deveríamos vir a público reclamar e protestar contra o arrazamento de gerações de brasileiros, que tiveram suas vidas destruídas fosse em razão do fato de terem dado apoio aos republicanos norte-americanos e depois terem sido perseguidos pelos democratas norte-americanos, ou vice-versa.

Se temos que tornar transparente a história do Brasil, então que coloque-se no pelourinho quem é devido, os principais responsáveis por terem fomentado a discórdia no nosso país: os Estados Unidos da América,  e a União Soviética (Rússia). 

E, por favor, senhores jornalistas, uma vez na vida escrevam a verdade, em vez de pensarem em seus bolsos e no lucro comercial de seus jornais, os brasileiros não merecem ser tão mal informados. Quem não conhece seu passado como pode no presente construir seu futuro? Não devemos ter vergonha dos nossos erros passados, devemos ter aprendido com eles, que essa Comissão da Verdade sirva para alguma coisa e traga a público os documentos secretos das relações internacionais do Brasil com os países envolvidos na sua desgraça durante o período da Guerra Fria e fez com que se cometesse o crime do fratricídio entre os brasileiros, algo que esperamos que jamais venha a ocorrer novamente.

Não acho justo que se culpe apenas os militares brasileiros pelo o ocorrido durante a Ditadura, ao contrário, creio que foram "enganados" e também foram vítimas de grandiosos interesses internacionais em relação ao Brasil. De modo geral havia uma grande ingenuidade no ar, e todos foram manipulados, uns pela União Soviética que patrocinava os comunistas e outros pelos EUA que patrocinava os contra-comunistas, a tal ponto que sem dúvida o Brasil acabou polarizado e os brasileiros acabaram tendo a sua própria Guerra Fria dentro do seu território. O terrível que aconteceu é que os EUA quando resolveram fazer a "abertura" e mudaram sua política simplesmente abandonaram à própria sorte os seus aliados no combate contra-comunista (incluo minha família entre estes) e admiravelmente passaram a apoiar justamente os que tinham sido patrocinados pela União Soviética!!!!! Não consigo perdoar os EUA por isso.

Se essa Comissão da Verdade for instalada, eu gostaria de ver a "verdade" realmente contada, e que ficasse claro que todo sofrimento dos brasileiros durante esse período, seja da direita ou da esquerda, deveu-se tão unicamente aos interesses ulteriores das grandes potências, que queriam um povo fraco e combalido para poderem dominar e usufruir das riquezas do nosso país. Se sobre nós brasileiros pesa alguma culpa é a da nossa ingenuidade de acreditar em "ideologias" impostas à nós e que não têm nada a ver com os valores culturais brasileiros e por não darmos valor à nossa competência, preferindo acreditar mais nos rótulos que nos colocam do que no que somos realmente. Desculpe-me Mario de Andrade, mas Macunaíma NUNCA MAIS!!!!

Agora creio que ficou clara a minha posição. Infelizmente ainda tenho um grande ressentimento e mágoa por tudo que fui obrigada a passar durante o período da Ditadura e principalmente no da Abertura, o qual causou a destruição da minha família, e nem por isso recebí nenhuma indenização por todo o mal que a política do meu país causou à minha vida, e espero que meu filho e meus futuros netos jamais precisem passar pela perseguição pela qual passei só por ser patriota e amar o meu país."


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PRESIDENTA DILMA SANCIONOU LEI DA COMISSÃO DA VERDADE em 18 de novembro de 2011



Terra Brasil - há 45 minutos
A ONU considerou nesta sexta-feira como "um grande passo" a decisão da presidente Dilma Rousseff de criar uma Comissão Nacional da Verdade para esclarecer as violações aos direitos humanos cometidas no Brasil. "Esta criação demonstra o compromisso do ..

Genebra, 18 nov (EFE).- A ONU considerou nesta sexta-feira como 'um grande passo' a decisão da presidente Dilma Rousseff de criar uma Comissão Nacional da Verdade para esclarecer as violações aos direitos humanos cometidas no Brasil.
'Esta criação demonstra o compromisso do Brasil em abordar internamente a defesa dos direitos humanos, assim como em outros lugares do mundo', declarou em comunicado a alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay.
A representante das Nações Unidas considerou a iniciativa de Dilma 'um primeiro e essencial passo, ao qual damos as boas-vindas, para a cicatrização das feridas do país e para o esclarecimento dos erros do passado'.
Pillay visitou o Brasil em 2009, onde fez um apelo para que se estabelecesse uma comissão com estas características para o esclarecimento das violações aos direitos humanos cometidas durante os períodos de ditadura.
A alta comissária encorajou ainda o Brasil a adotar medidas adicionais para facilitar o processamento dos responsáveis pelos atentados contra os direitos fundamentais e para estabelecer uma nova legislação que derrogue a Lei de Anistia de 1979.
Outra opção, afirmou, é declarar esta lei inaplicável, levando em conta que impede a investigação de graves violações aos direitos humanos e garante a impunidade dos crimes, o que vai contra o direito humanitário internacional.
Para a ONU, criou-se desta maneira a base para levar à Justiça os responsáveis por assassinatos, torturas, desaparimentos e outras atrocidades contra os direitos humanos.
As vítimas e as famílias destas vítimas 'têm o direito de ver que se faz justiça', declarou Pillay, que ressaltou que o ato de fazer a verdade aflorar no país 'ajudará os brasileiros a entender e reconhecer sua própria história, que até agora foi frequentemente objeto de disputa ou foi negada'.
'As comissões da verdade também visam evitar novos abusos', disse Pillay. 'Em sua condição de potência política e econômica emergente, que o Brasil tome nota disso: é uma criação muito importante nos âmbitos regional e global', finalizou. EFE

Diário do Grande ABC - há 23 minutos
A presidente Dilma Rousseff evitou hoje usar a sua história de ex-guerrilheira política, no discurso durante a cerimônia de sanção das leis de criação da Comissão da Verdade e de Acesso à Informação. Dilma foi muito aplaudida em diversos momentos do ..


sexta-feira, 18 de novembro de 2011 14:13
Dilma sanciona Comissão na presença de militares



A presidente Dilma Rousseff evitou hoje usar a sua história de ex-guerrilheira política, no discurso durante a cerimônia de sanção das leis de criação da Comissão da Verdade e de Acesso à Informação. Dilma foi muito aplaudida em diversos momentos do discurso. Para ela, a data de hoje é histórica, em comemoração da transparência e da liberdade. "Hoje o Brasil inteiro se encontra, enfim, consigo mesmo, sem revanchismo, mas sem a cumplicidade do silêncio".

Os comandantes das três Forças estavam presentes à solenidade. Mas, em vários momentos, não aplaudiram o discurso da presidente. Durante o processo de elaboração da lei de criação da comissão da verdade houve muitas resistências dos militares, e a questão gerou muita polêmica nas Forças Armadas. O ministro da Defesa, Celso Amorim, ao final da cerimônia, amenizou o clima dizendo que "todos estavam representando a verdade, sem revanchismo". Uma ausência que chamou a atenção foi a do presidente do Senado, José Sarney, que foi contra o projeto de acesso à informação.

Tentando mostrar que estava ali como chefe de Estado e não como ex-guerrilheira, dando à solenidade um ar institucional, Dilma, em momento algum, se incluiu entre os perseguidos. "Quando muitas pessoas foram presas, torturadas e foram mortas, a verdade sobre o nosso passado é fundamental, para aqueles fatos que mancharam a nossa história para que isso nunca mais volte a acontecer", disse a presidente, lembrando que foram muitos os que lutaram, que resistiram e que buscaram construir a democracia. E emendou: "a lei do Acesso à Informação e a lei que institui a Comissão da Verdade se somam ao esforço e à dedicação de gerações de brasileiros e brasileiras que lutaram e lutarão para fazer do Brasil um país melhor, mais justo, menos desigual, por gerações de brasileiros que morreram e que hoje nós homenageamos, não com processo de vingança, mas através do processo de construção da verdade e da memória".

Para a presidente Dilma, a lei de acesso à informação e a instituição da comissão da verdade têm uma "importante conexão". "Uma não existe sem a outra, uma é pré-requisito para a outra, e isso lançará luzes sobre períodos da nossa história que a sociedade precisava e deve conhecer. São momentos difíceis que foram contados até hoje , ou melhor dizendo, foram contados durante os acontecimentos sobre um regime de censura, arbítrio e repressão", afirmou.


20/11/2011


ESTRANGEIROS QUEREM INTERFERIR E DITAR REGRAS AO BRASIL


montesclaros.com - 19/11/2011
No comunicado da ONU, a alta comissária de Direitos Humanos, a indiana Navi Pillay, incentiva o Brasil a “adotar medidas adicionais que facilitem a punição daqueles que foram responsáveis pela violação de direitos humanos no passado”. Ao insistir na questão, a ONU bate de frente com o julgamento dessa questão no Supremo Tribunal Federal.

VOZES SENSATAS PRECISAM SER OUVIDAS...




Comissão da Verdade-mais um camelo a caminho
Rogério Antonio Lopes

20/11/2011 às 13:19:17 - Atualizado em 20/11/2011 às 13:24:34

Eisten teria dito que o tempo não existe, é sentimento e sensação, uma criação da subjetividade humana.
A verdade não fica muito longe dessa perspectiva, isto é, a sua subjetividade conceitual é tão fragmentada, quanto os vários "espíritos" que a observam, melhor dizendo, cada um vê a coisa de um jeito, cada pessoa tem uma percepção do objeto e isso depende do ponto de vista, do local onde está o observador, da capacidade de avaliação de cada um, do cabedal de conhecimento e valores do indivíduo.
Quando essa subjetividade se aplica a fatos pretéritos o problema se aprofunda de maneira quase que "desesperadora" porque agora a subjetividade está em ambas as pontas, no objeto e no observador.
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Paraná-Online - há 4 horas
Eisten teria dito que o tempo não existe, é sentimento e sensação, uma criação da subjetividade humana. A verdade não fica muito longe dessa perspectiva, isto é, a sua subjetividade conceitual é tão fragmentada, quanto os vários "espíritos" que a ...

2 comentários:

  1. Discursos preparados sempre servem para agradar a "gregos" e "troianos", ou pelo menos à maioria da população a que são dirigidos.
    Prefiro aguardar as ações e atos posteriores para certificar-me de que estes não irão contrariar as nobres intenções dos formuladores das Leis anteriores que buscaram pacificar nossa Nação e permitir a reconciliação de todos.

    Gilberto Serra - General Reformado do Exército

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  2. 1. Os conflitos internos e os períodos como o da ditadura Vargas, nunca precisaram de CV para serem conhecidos pelo cidadão. Esse é o trabalho de historiadores e pesquisadores.
    2. A necessidade de reconciliação nacional é uma falácia. Não houve e não há cisão social, remanescente do regime militar ou as FA não seriam as Instituições de maior credibilidade no País.
    A anistia foi para pacificar grupos antagônicos delimitados, que poderiam atrasar a redemocratização, e não a sociedade, pois a Nação apoiou o Estado contra a luta armada. Por isso, sua neutralização levou apenas 9 anos.
    General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva

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