Translate

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A REVOLUÇÃO ATRAVÉS DO OLHAR

Do Neoclássico ao Realismo

Bia Botana 

Nov. 2007




 INTRODUÇÃO




“O tolo não vê a mesma árvore que o homem sábio vê”

              Foi William Blake que assim escreveu em meados de 1789, filosofando nas páginas do seu livro “O casamento do Céu e do Inferno”. Poeta, místico, pintor e impressor, o inglês William Blake (1757-1827) normalmente é rotulado como representante do movimento artístico Romântico.


Querer restringir Blake há um tempo determinado e tentar enquadrá-lo dentro de um conceito classificatório é uma tentativa tão infrutífera quanto tentar limitar o ilimitável, pois, tal como outros artistas de seu gênio e arte, Blake parece não possuir uma condição temporal específica. Tais artistas como ele mais influenciaram a época em que viveram do que foram influenciados por ela. Eles simplesmente viam coisas que outros não viam.  

Este breve estudo, que intitulei “A revolução através do olhar”, buscará mostrar que a capacidade de observação do olhar é um reconhecimento racional complementado por um sentimento querençoso e unidos introvertem para formular uma idéia e estando esta amadurecida é exteriorizada ao mundo na forma do que se chama “arte”. A palavra ‘arte’ oriunda do latim ‘artifex’, segundo Cícero era a engenhosidade humana expressa em obras e relacionava-se com o conceito de conhecimento e sabedoria. A Arte por si só não é uma criação, mas uma manipulação criativa do mundo pré-existente, num processo de transformação.  Jesus disse: ‘O olho é a luz do corpo. Se o teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se o teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!”(Mt 6:22-23). E assim, estando nas trevas os olhos das almas humanas espreitaram um raio brilhante, o qual penetrou na escuridão e as fez almejar a Luz.

O olho normal vê tudo tal qual é fixado numa fotografia. Se formos pintar uma árvore que vemos, sem nenhuma transformação artística, então a pintura deverá resultar parecida com a fotografia, é apenas uma cópia da realidade. Todavia, é pelo olhar dos artistas, que se revela a inspiração secreta da alma humana. Uma inspiração que conduz o ser humano através da jornada incansável de transformar o mundo em que vive, o re-construindo com suas próprias mãos dia após dia para que este reflita a sua verdade e seja conforme seu entendimento da civilização.  

O período entre os séculos XVIII e XX é de uma enorme riqueza na manifestação artística, uma trajetória que passa pelo Neoclássico, Romântico e Realismo. Um período em que a Arte promoveu a maior revolução já ocorrida na história da civilização humana, uma revolução que se fez permanente na conquista da liberdade de pensamento e crença, dando asas à imaginação do ser humano para que voasse tão alto em direção à luz como jamais poderia ter imaginado.




IDADE CONTEMPORÂNEA - NEOCLÁSSICA


O desenvolvimento do capitalismo em países como a Inglaterra, França e Holanda, contribuiu largamente para a ascensão da classe burguesa que, por sua vez, elaborou nos séculos XVII e XVIII uma nova cultura sucessora do Renascimento e conhecida pelo nome de Iluminismo.

No pensamento iluminista inglês, desenvolveu-se largamente a crença no conhecimento através da experiência sensorial (Empirismo), especialmente a partir de Isaac Newton, que consolidou a crença num universo regido por leis naturais. As novas idéias encontraram um terreno fértil junto à burguesia que, no século XVIII, teve uma fase de grande ascensão. O emergente culto ao Racionalismo teve em Descartes seu grande anunciador. A cultura das luzes chegaria ao seu auge na França, onde adotou o nome de Ilustração, que foi preparada pelo grande desenvolvimento cultural da época de Luís XIV, mas, sob múltiplos aspectos, representou uma ruptura com aquele momento. No século XVIII, a atividade cultural revelou um grande anseio de liberdade e de insatisfação com os valores tradicionais. Abandonando as preocupações religiosas e a linguagem rebuscada dos barrocos, os artistas neoclássicos valorizaram a razão e a simplicidade, inspirando-se na sobriedade e equilíbrio dos artistas clássicos do Renascimento, o que originou o nome Neoclássico dado a este período, o qual reuniu distintos movimentos na decoração e artes visuais, literatura, teatro, música e arquitetura.

Qualquer expressão artística neoclássica tem por consenso no corpo da obra o status canônico conceitual “clássico”, desenvolvido a partir do Renascimento e alicerçado na arte e na cultura greco-romana. Idealístico - o neoclassicismo é essencialmente uma arte de um ideal - um artista, com boa formação e confortável familiarização com o cânon, não repetia apenas sua visão de forma reproduzida, mas sintetiza a tradição do clássico em cada novo trabalho, tendo por objetivo elevar a um alto nível de qualidade a sua obra. O artista neoclássico se avalia ao exibir um perfeito controle de técnica em sua arte. Improvisações, inspirações e expressões individuais  não eram virtudes do artista neoclássico.

Deste modo, a arte Neoclássica refletia o progresso crescente do conhecimento ciêntifico que passa a se desenvolver a partir da metade do século XVIII, exercendo uma ampla influência na vida cotidiana das pessoas, de modo que o racional, o objetivo e o pragmático direcionaram um novo conceito estrutural de 'modos viventes' na elite intelectualizada da época.

Nas artes visuais o movimento europeu teve um início marcante após 1765, com uma reação ao Barroco e ao Rococó, e com o desejo de um retorno à pureza da Arte Clássica. Os escritores e oradores, patronos e colecionadores, artistas e escultores de 1765 a 1830 reverenciavam homenagens a uma 'idéia' de uma geração de artistas luminares da maneira ocorrida em Atenas do século de Péricles. Todavia, a exemplo das esculturas feitas neste período, que estavam mais para cópias romanas do que para esculturas helenísticas, muitos trabalhos artísticos deste período falharam na tentativa de dar um apuro maior aos conceitos clássicos, longe disto beiravam a mediocridade, primavam pela falta de gosto e pelas falhas grotescas de técnica.

Desde o Renascimento a forma clássica nunca desaparecera da arte. Com o período Neoclássico o ideal 'clássico’ se torna de novo absoluto, como o fora no Renascimento. Buscam-se as singularidades clássicas, a clareza, a simplicidade, a ausência de ornamento. Consultam-se os velhos mestres, os gregos, os etruscos, os romanos e os egípcios. Este novo modo de pensar estende-se agora a todos os ramos de arte: à escultura, à arquitetura, à pintura e até ao artesanato artístico. O Neoclássico teve seu apogeu no tempo da Revolução Francesa e vai até o império de Napoleão I. Esta é a época em que a aspiração burguesa de criar a ‘sua’ sociedade assaltou bruscamente o Velho Mundo, e, no anseio da conquista da luz, o lançou numa escuridão apocalíptica.

As imagens de um passado glorioso da Humanidade não só inspiravam, mas, impulsionavam as idéias de um mundo perfeito, padronizado, igualitário e principalmente de poderosa prosperidade. A arte Neoclássica refletiria este ideal, remodelando as aparências com seguras formas ordenadas, que forneciam ao menos aos olhos uma impressão sólida e consistente de que a brusca mudança hierárquica promovida trouxera algo realmente novo e inusitado, um verdadeiro salto civilizatório. Todavia, tal como na arte Neoclássica, um olhar mais observador viria que a velha tradição humana secular se revestira apenas com novas roupagens, na essência permanecera a mesma, assim onde outrora era nobreza se fez aristocracia burguesa.
    

                                  
                                                             A Coroação de Napoleão (1806)  -  Jacques-Louis Davis


IDADE CONTEMPORÂNEA – ROMÂNTICA



      A arte Romântica foi um movimento artístico com aspectos literário e intelectual. O movimento originado ao meio do século XVIII na Europa Ocidental ganhou força durante a Revolução Industrial. Permeada pela revolta contra a aristocracia burguesa e suas normas políticas decorrentes do período Iluminista, a arte Romântica expressou uma reação contra o racionalismo científico da natureza inserido na arte e na literatura. O movimento tinha a forte emoção como fonte de estética, colocando nova ênfase em cada emoção experimentada, fosse esta de horror ou de sublimação.


  No senso geral, o termo ‘romântico’ era usado inicialmente em referência pejorativa a certos artistas, poetas, escritores, músicos, políticos, filósofos e pensadores sociais que, a partir da segunda metade do século XVIII, se libertaram dos cânones do Neoclássico. Esse movimento foi muito rico, com múltiplos desdobramentos, mas se caracteriza pelo gosto da expressão franca dos sentimentos, dos sonhos e das emoções que povoam o mundo interior do artista, numa atitude individualista e profundamente pessoal. Apesar da característica romântica possa ser encontrada em artistas de qualquer época, foi no século XIX que ela atingiu sua maior intensidade, convertendo-se num elemento identificador da arte Romântica como estilo de época, que teve seu período auge entre 1820 e 1900.

Durante a primeira metade do século XIX a classe burguesa desenvolveu, especialmente na Inglaterra, a chamada Economia Política Clássica, cujos principais pensadores eram quase todos fervorosos partidários do Liberalismo Econômico, que teve como ponto de partida a obra de Adam Smith (1723-1790). Influenciado pelos fisiocratas franceses Smith escreveu a obra básica do Liberalismo Econômico, uma das mais importantes da história do pensamento econômico, chamada "A Riqueza das Nações. Smith defendia a idéia que o 'mercantilismo' ainda vigente devia ser substituído por uma política de liberdade econômica, anulando a excessiva intervenção do Estado. Pensava ele que na medida em que cada um cuidasse dos seus interesses individuais a sociedade, como um todo, seria próspera. Teorizava que da divisão do trabalho resultante da Revolução Industrial seria gerada uma crescente especialização, que levaria a um progresso técnico constante ao lado do aumento incessante de produção, de modo que com o desenvolvimento do mercado a Humanidade seria cada vez mais beneficiada. É envolvido neste conceito de Smith sobre a origem da sociedade consumista, que o poeta e pintor William Blake, deu um extremo exemplo de sua romântica sensibilidade e resumiu a situação da época ao justificar sua iniciativa empreendedora de imprimir os próprios livros dizendo:“ -Eu preciso criar um sistema ou ser escravo de outros homens."

Mas ninguém expressou tão perfeitamente o pensamento de Adam Smith que o alemão Ludwig van Beetoven. O músico que imortalizou em sua Nona Sinfonia todo este forte anseio romântico, exemplou a grandiosa capacidade humana de superação. Uma orquestra numerosa tanto em instrumentos quanto em músicos foi por ele regida na apresentação de sua magnífica obra ao mundo, era ele então um regente surdo, o que não impediu a realização de um trabalho conjunto de maestria e em perfeita harmonia. Poderia a sociedade ser também do mesmo modo ‘orquestrada’?

Em meio a um processo político-econômico cada vez mais efervescente uma das idéias chave da arte Romântica e um de seus maiores legados está na afirmação do nacionalismo, o qual tornou-se seu tema central e filosofia política. Desde os primeiros passos do movimento foi focalizado o desenvolvimento nacional através da linguagem e do folclore, dando especial importância ao costumes locais e tradições. Após a queda do poder napoleônico, quando o mapa da Europa foi redesenhado durante o Congresso de Viena (1815) clamou-se por uma autodeterminação das nacionalidades dos povos, e a arte Romântica atendeu a este papel, fornecendo expressão e pensamento. A arte Romântica que já possuía algumas tendências básicas tais como: a expressão plena dos estados da alma, das paixões e das emoções; exaltação da liberdade humana e valorização da natureza, vista como manifestação do poder de Deus e refúgio bucólico e acolhedor à reflexão solitária, passou a agregar também a humanização da Pátria, dando a esta um conceito de alma, caráter e unidade entre território e população, traçando o perfil de uma nova dimensão da idéia de uma Nação.

O paisagismo romântico rompeu com a imponência clássica e propôs temas mais coloquiais, buscou novas formas, mais espontaneidade e lirismo. Os efeitos de luz sobre os objetos se contrapondo às sobras e à escuridão se acentuaram. Todos valores que promoviam a identificação de um povo, que o distinguia e o caracterizava ganhavam em relevo e exaltação com muita liberdade de colorido e traço. A busca da naturalidade nos temas populares e cotidianos forneceu imagens para uma preciosa crônica de costumes, enquanto que as charges caricatas vieram para dar o tom picante ao cenário político e estimular a capacidade do ser humano de rir de si mesmo.


 Dois olhares: A mulher que inspira tanto a luta como a paz, se faz expressão da “Pátria”.


IDADE CONTEMPORÂNEA - REALISMO


A busca por uma representação precisa do objeto já fora vista na pintura do holandês Rembrandt (1606-1669), que seguira os passos do pintor italiano Caravaggio (1573-1610), célebre por ter dramatizado com realidade sua visão ao recorrer a poderosos contrastes de sombra e de luz, técnica que era conhecida como "chiaroscuro", originária na Renascença e que modelava a imagem com extremo contraste entre luz e sombra.

No século XIX dois avanços tecnológicos vão contribuir para que o estilo realista ganhe um renovado fôlego. Primeiramente com as tintas, antes manipuladas pelos próprios pintores, passaram a ter uma versão industrializada. Agora em práticos tubos metálicos e de fácil transporte motivaram os pintores a deixarem seus estúdios e estreitarem a observação próxima da natureza. Em segundo lugar o surgimento da fotografia a cores, em 1881, e sua entrada num esquema industrial com a Kodak, contribui para que um desenvolvimento fundamental se desse nas artes plásticas.

Na pintura realista do século XIX o pintor colocava seu cavalete diante duma árvore e pintava esta árvore de forma realística e natural, tal qual ela é, renunciando ao ideal e abraçava a vida ao redor dele. Apesar do alvo ser uma pintura cientifica, de pura precisão tal qual uma fotografia, o resultado obtido não era apenas uma cópia da árvore.  Longe de uma imagem fixa de um instantâneo momento, a pintura realista inevitavelmente, imperceptivelmente, aleatoriamente e a despeito de todo esforço técnico do artista em captar uma imagem exata esta inevitavelmente apresentava uma transformação artística. A imagem não se transferia da natureza para a tela como se queria, fosse qual fosse a manipulação dos pincéis, da tela ou das tintas, sempre havia uma misteriosa interferência neste sentido, para total frustração do artista.

Frustração porque a arte Realista tinha como tendência representar cenas humanas ou da natureza tal como se apresentam à observação, sem idealizá-las ou poetizá-las, apenas naturalmente. Constituindo uma oposição ao conceito romântico a arte Realista propôs uma representação mais objetiva e fiel da vida humana e foi um movimento que abrangeu principalmente as artes visuais e a literatura. Os artistas se afastam de todo envolvimento sentimental, adotando uma análise fria e objetiva, expondo a realidade com acumulo de detalhes.

A crônica cotidiana ao se aproximar da metade do século XIX mostrava uma classe operária que trabalhava nas piores condições: longas jornadas de trabalho, em locais escuros com barulho ensurdecedor, "quentes no verão e frios no inverno". Em torno das fábricas multiplicavam-se os cortiços, onde a promiscuidade e a subalimentação tornavam comuns os casos de tuberculose e de sífilis, bem como o alcoolismo e a prostituição. Na Inglaterra, as primeiras reações da classe operária em face da situação de miséria em que se encontrava, foram as de quebrar as máquinas, surgidas com a Revolução Industrial, que os operários identificavam como as causadoras de todos os seus males.

Robert Owen (1771-1858), jovem administrador inglês de uma fábrica de algodão em Manchester, na Inglaterra, revoltou-se com as perspectivas do progresso industrial. Ele defendeu a impossibilidade de se formar um ser superior no interior de um sistema egoísta e explorador, e buscou a criação de uma comunidade ideal. Na Escócia, onde assumiu o controle de cotonifícios em New Lanark por 25 anos, Owen chegou a aplicar suas idéias, implantando uma comunidade de alto padrão, em que as pessoas trabalhavam dez horas por dia e tinham alto nível de instrução. Todavia, o sucesso de sua cooperativa e suas críticas à propriedade e à religião obrigaram Owen a abandonar a Grã-Bretanha e ir para os Estados Unidos, onde fundou a comunidade New Harmony (Nova Harmonia), no estado de Indiana. Em New Harmony, Owen estabeleceu ima comunidade produtiva que aliava o trabalho a aulas de dança, de artes visuais e de música, pois como ele mesmo afirmava "o objetivo primordial e necessário de toda existência deve ser a felicidade, mas ela não pode ser obtida individualmente; é inútil esperar-se pela felicidade isolada; todos devem compartilhar dela ou então a minoria nunca será capaz de gozá-la".

A reação operária aos efeitos da Revolução Industrial fez surgir críticos ao progresso industrial, estes propunham reformulações sociais e a construção de um mundo mais justo, eles constituíram os chamados teóricos socialistas que se dividiriam em dois grupos distintos: os socialistas utópicos e os socialistas científicos.

Os socialistas utópicos foram os primeiros a formularem profundas críticas ao progresso industrial. Eles ainda estavam impregnados dos valores do período da Ilustração. Atacavam os grandes proprietários, mas tinham grande estima pelos pequenos, acreditavam que pudesse haver um acordo entre as classes sociais. Não elaboravam doutrinas, mas modelos idealizados, tal como o inglês Robert Owen, por este motivo eram chamados de 'utópicos'. A este grupo de socialistas se alinhava os artistas da arte Romântica.

Paralelamente às propostas do socialismo utópico, surgiu o socialismo ciêntifico, cujos ideólogos propunham compreender a realidade e transformá-la mediante a análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, constituindo uma proposta revolucionária do proletariado. A estes se alinharam os artistas realistas, que se encarregavam de apresentar a realidade tal como ela era.

E foi do confronto entre duas idéias para a construção de um mundo mais justo que uma grande porta se abriu e finalmente a alma humana viu a desejada Luz nascendo ao raiar de século XX.

CONCLUSÃO


       O filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1841) entre os anos de 1812 e 1816 produziu sua obra A grande Lógica, onde após observar e analisar o comportamento humano chegou à conclusão que a idéia é um princípio único que identifica o ser e o pensamento. E que a idéia se desenvolve em três fases: tese, antítese e síntese. Realmente isto pode ser observado claramente quando passeamos nosso olhar pelos períodos descritos neste breve trabalho da História da Arte, onde busquei relacionar a expressão artística dentro de seu contexto histórico seja interferindo ou refletindo os acontecimentos da vida de cada época.

A Dialética Hegliana teria todo o seu sentido enquanto o conhecimento e a arte ficaram restritos aos ambientes acadêmicos elitistas, sujeitos a debates e teorias, defesas acaloradas e cheias presunções e arrogâncias próprias de uma fogueira de vaidades de características tão humanas. No campo das idéias a divisão ao final do século XIX em dois posicionamentos antagonistas, socialista e capitalista, seria a motivação e a causa de uma série de crises sucessivas que sacudiriam o século XX causando derramamentos de sangue nunca antes ocorridos na História da Humanidade. O preço a pagar para ver a desejada Luz foi altíssimo, porquanto como bem disse Blake: “O tolo não vê a mesma árvore que o homem sábio vê”.   

A febre da igualdade iniciada com a Revolução Francesa, e que perdurou por décadas e décadas, desconsiderou talvez o principal: a existência das diferenças e condições desiguais próprias da Natureza. Não se aceitava a individualidade dos indivíduos como algo precioso a ser considerado, não se via que cada indíviduo tinha que ser respeitado em seu próprio mundo e singularidade, que estava nesta individualidade a verdadeira liberdade existencial. Durante todo o século XX vigorou a idéia de “massificação orquestrada” que se aproveitou ao máximo do “espírito de manada” para criar uma sociedade padronizada, onde pensar diferente era ousadia repreensível e agir diferente motivo de repressão e discriminação, e todos se tornaram reféns do “sistema”. Uma revolução silenciosa invadiu o século XXI na esteira das diferenças e desigualdades, onde ao fazer muita Arte pela Arte em todos os cantos e lugares foi expondo com exaltação a todos olhares as diferenças e as desigualdades. E não há como ser indiferente a uma realidade que se impõe sem pedir licença. O mundo continua assim sendo uma grande fonte de inspiração para as almas humanas, que parecem jamais se cansar de revolucionarem através do olhar.

Índice Ilustrações

Página 3 – “Cena de Outono” (s/d), Thomas Banks (Inglaterra, 1735-1803).

Página 4 – “A coroação de Napoleão” (1806), Jacques Louis David (França, 1748-1825).

Página 5 – “Árvore Solitária” (1821), Caspar David Friedrich (Alemanha, 1774-1840).

Página 6 – “Liberdade liderando o Povo” (1831), Eugène Delacroix (França, 1798-1863).

Página 6 – “Ofélia” (1889), John William Waterhouse (Inglaterra, 1849-1917).

Página 7 – “Monarcas Caídos” (1886), William Blis Baker (EUA, 1859-1886).

Página 9 – “Pequena Árvore” (2004), Bia Botana (Brasil, 1955-).

Bibliografia

Artes – Almanaque Abril 1988, Ed. Abril.
Enciclopédia Britânica
Estudos de Literatura Brasileira – Douglas Tufano, Ed. Moderna, 1995.
História, Ensino Médio – Cláudio Vicentino & Gianpaolo Dorigo, Ed. Scipione, 2002.
História Geral – Volume 2 - Raymundo Campos, Ed. Hamburg, 1981.
Primeiro Encontro com a Arte – Karl-Heinz Hansen – Ed. Melhoramento, 1960.
The Marriage of Heaven and Hell – William Blake - Dover Publications, Inc.1994.
Wikipidia – the free encyclopedia, versão para língua inglesa. www.wikipidia.com



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário